Dicas de estudos com o Prof. Marquinhos de história da Oficina do Estudante de Campinas - SP
Oficina do Estudante, o cursinho que mais aprova nos vestibulares da UNICAMP, FUVEST, UNESP, UFSCAR E UNIFESP.
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CNDL – Colégio Notre Dame de Lourdes
Primeiro Ano – Segundo Bimestre
Coleção Pitágoras
Capítulo 5
Sociedade e vida cotidiana na América Portuguesa
Problematização do temaA sociedade da América Portuguesa foi muito complexa. Os modos de viver, de morar, de festejar e de expressar a religiosidade foram muito diversos. Esta tele aula procura mostrar o caráter heterogêneo da sociedade da América Portuguesa e o hibridismo que a caracterizou. Foi, por excelência uma sociedade mestiça, fruto das três diferentes culturas que a formaram.
A sociedade açucareira
Formas de morar
O senhor de engenho morava com sua família e seus escravos domésticos na chamada casa-grande. Eram, em geral construção de dois pavimentos, avarandadas, com numerosos quartos, ampla sala e uma imensa cozinha. Apesar da imponência das casas-grandes, seu imobiliários era bastante simples, confeccionado pelos próprios escravos nas oficinas da propriedade. Os utensílios mais sofisticados eram importados da Europa. Toda casa-grande tinha sua capela, com seu santo de devoção que, muitas vezes, dava seu nome à propriedade. Cada unidade açucareira tinha seu capelão, que cuidava da vida espiritual de seus moradores.
Nos engenhos, os colonos moravam em mocambos, casas pequenas e desconfortáveis. Já os escravos dormiam em senzalas, cuja construção era uma reprodução das moradias africanas. Era assim que os negros viviam nas suas regiões na África.
O senhor de engenho era o centro da família e dele esperava-se dar-se ao respeito, fazer valer sua autoridade e agir nas ocasiões necessárias. Sob seu comando estavam os filhos, bastardos, parentes pobres, afilhados, agregados e escravos. As esposas dos senhores dedicavam-se ao trabalho doméstico – costura, bordado, quitandas – e às práticas religiosas. Contudo, na ausência de seus maridos, eram elas que assumiam as responsabilidades do bom funcionamento do engenho.
Na sociedade nordestina, apenas o filho mais velho tinha o direito à herança. Todas as propriedades lhe eram transmitidas. Esse costume tinha o objetivo de manter as propriedades íntegras, sem dividi-las. As propriedades eram repassadas de geração para geração, sempre por meio do filho mais velho.
Os demais filhos eram encaminhados pelo pai ou à vida religiosa (mesmo que não tivesse vocação) ou à Europa, onde se dedicavam ao estudo do Direito ou da Medicina.
Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas
Leia os texto a seguir.
[...] O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qual deve ser, homem de cabedal e governo, bem se pode estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quando proporcionalmente se estimam os títulos entre os fidalgos do Reino.
ANTONIL. Cultura e opulência do Brasil, 1711.
[...] Vivia, contudo, essa gente [os senhores de engenho] uma vida difícil. Alimentavam-se mal, comendo dura carne de boi. Só uma vez ou outra, frutos poucos e bichados. Raros os legumes. A falta da boa comida de sal era compensada pelos excessos de doce: goiabadas, marmeladas, doces de caju e mel de engenho, alfenins e cocadas, arredondando senhores e iaiás, mucamas e mães-pretas. Quando da passagem de um padre da Companhia de Jesus, abria-se, com esforço, as despensas e matavam-se os animais de criação: patos, leitões e cabritos [...] A abundância registrada em alguns engenhos não era a norma. Os que se davam ao luxo de mandar vir alimentos do Reino consumiam víveres mal conservados [...] O senhor de engenho sofria doenças de estômago, atribuída por doutores da época não à precária alimentação, mas aos “maus ares” do trópico. A saúva, as enchentes ou a seca dificultavam ainda mais o suprimento de víveres frescos. A sífilis marcava-lhes o corpo, deixando-o vincado com as suas chagas. Era ridicularizado o jovem que não passasse por precoce iniciação sexual cujas marcas não eram exibidas, segundo o viajante Martius, em 1817, como uma ferida de guerra.
Assediado pelo fantasma da fragilidade física, o senhor de engenho era ainda açodado por ataques de índios. No primeiro século de instalação na América Portuguesa, o “gentio” levantava-se, queimando e destruindo engenhos e roças, volta e meia matando homens e gado, tomando à casa grande água e mantimentos. Houve guerras que duraram de sete a oito anos. Outra ameaça física eram os piratas e corsários franceses ou holandeses. Esses tinham o hábito de subir os rios, à beira dos quais encontravam-se instalados os engenhos. “a fim de fazer aguada para suas tropas”. Aproveitavam a oportunidade para assaltos e saques dos quais nasciam “porfiadas brigas”, muitas delas com mortos e feridos. Cabia, portanto, aos senhores de engenho armar e aparelhar lanchas do Recôncavo para a defesa militar e marítima da cidade.
Ás ameaças vindas de fora, somavam-se as internas. Senhores de engenho tinham de controlar, vigiar e punir desde ameaças de fuga a rebeliões escravas, de escapadelas de fim de semana á instalação de quilombos. Maus tratos físicos ou morais, arbitrariedades do capataz ou do próprio senhor, mudanças de laços afetivos e familiares ou de dono, enfim, toda quebra de acordos, costumes e compromissos anteriormente acertados incentivava defecções.
Senhores e escravos moviam-se num mundo feito de “negociação e conflito”, de coerção e consenso. O equilíbrio era, contudo, delicado.
PRIORE, Mary del. Deus ou dabo nas terras do açúcar: o senhor de engenho na América Portuguesa. In:-; Revisão do Paraíso. Os brasileiros e o Estado em 500 anos de História. Rio de Janeiro: Campus, 2000. p. 20-21.
1. As informações do texto de Mary del Priore sustentam, ou não, a posição do jesuíta Antonil sobre “o ser senhor de engenho”? Justifique sua resposta.
Sustentam, em parte. Contudo, enquanto Antonil vê o senhor de engenho com um grande poder, Mary del Priore, além de mostrar a vida cotidiana difícil desses senhores, aponta também para o delicado equilíbrio em que viviam os atores sociais do engenho.
Confira as características da sociedade do açúcar no período colonial brasileiro
O professor de História, Ricardo Carvalho faz nesta aula uma abordagem da sociedade colonial brasileira.
O tema em foco
Leia o texto.
Em princípios do século XVIII, a elite baiana torna-se um grupo mais heterogêneo; embora ainda predominassem os senhores de engenho, outros setores da economia e outras profissões propiciavam a ascensão social.
Os comerciantes de Salvador haviam sido importantes nas esferas econômica e social já no século XVI, mas por volta de 1700 seu status e influência política eram inegáveis. Conquanto alguns se casassem com membros de famílias de senhores de engenho ou entrassem para a classe destes últimos através da compra de engenhos, outros tornaram-se preeminentes sem associar-se ao setor açucareiro. Havia também os grandes latifundiários do sertão, que desbravaram o interior e receberam imensas sesmarias, de milhares de léguas, em recompensa por seus serviços. Homens com Garcia d’Ávila, estabelecido ao norte de Salvador, e João Peixoto Viegas, com terras ao longo das margens do rio Paraguaçu, desenvolveram grandes propriedades que, em fins do século XVII, constituíram-se em impérios pecuarista ou, no caso de Peixoto Viegas, também em fazendas de fumo. Embora a tendência fosse de, com o tempo, essas famílias fundirem-se com a elite açucareira do Recôncavo, suas origens eram distintas das desta última. Além disso, juntaram-se às elites magistrados da Coroa e oficiais militares, a cujas ocupações normalmente se atribuíram grande prestígio e insígnias de nobreza, além de serem consideradas altamente honrosas.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos. Escravos e engenhos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 227-228.
A elite baiana era constituída, além dos senhores de engenho, de grandes pecuaristas, proprietários de grandes fazendas de fumo, magistrados da Coroa e oficiais militares.
Saiba mais sobre a sexualidade na América Portuguesa
Veja a teleaula do professor Edenilson Morais, neste video são abordadas as manifestações da sexualiadade no período colonial brasileiro e maneira pela qual a Igreja Católica tentou diminuir o apetite sexual dos colonos e estabelecer um controle social na América Portuguesa.
Q1. (UFF) " As festas e as procissões religiosas contavam entre os grandes divertimentos da população, o que se harmoniza perfeitamente com o extremo apreço pelo aspecto externo do culto e da religião que, entre nós, sempre se manifestou (...). O que está sendo festejado é antes o êxito da empresa aurífera, do que o Santíssimo Sacramento. A festa tem uma enorme virtude congraçadora, orientando a sociedade para o evento e fazendo esquecer da sua faina cotidiana.(...). A festa seria como o rito, um momento especial construído pela sociedade, situação surgida "sob a égide e o controle do sistema social" e por ele programada. A mensagem social de riqueza e opulência para todos ganharia, com a festa, enorme clareza e força. Mas a mensagem viria como cifrada: o barroco se utiliza da ilusão e do paradoxo, e assim o luxo era ostentação pura, o fausto era falso, a riqueza começava a ser pobreza, o apogeu decadência" (Adaptado de SOUZA, Laura de Mello e. "Desclassificados do Ouro". Rio de Janeiro, Graal, 1990, pp. 20-23) Segundo a autora do texto, a sociedade nascida da atividade mineradora, no Brasil do século XVIII, teria sido marcada por um "fausto falso" porque:
a) a mineração, por ter atraído um enorme contingente populacional para a região das Gerais, provocou uma crise constante de subalimentação, que dizimava somente os escravos, a mão-de-obra central desta atividade, o que era compensado pela realização constante de festas;
b) o conjunto das atividades de extração aurífera e de diamantes era volátil, dando àquela sociedade uma aparência opulenta, porém tão fugaz quanto a exploração das jazidas que rapidamente se esgotavam;
c) existia um profundo contraste entre os que monopolizavam a grande exploração de ouro e diamantes e a grande maioria da população livre, que vivia em estado de penúria total, enfrentando, inclusive, a fome, devido à alta concentração populacional na região;
d) a riqueza era a tônica dessa sociedade, sendo distribuída por todos os que nela trabalhavam, livres e escravos, o que tinha como contrapartida a promoção de luxuosas cerimônias religiosas, ainda que fosse falso o poderio da Igreja nesta região;
e) a luxuosa arquitetura barroca era uma forma de convencer a todos aqueles que buscavam viver da exploração das jazidas que o enriquecimento era fácil e a ascensão social aberta a todas as camadas daquela sociedade.
resposta: [C]
Q2. (UFU) “Se a transformação de índio em escravo exigiu ajustamentos por parte da camada senhorial, também pressupunha um processo de mudança por parte dos índios. Este processo desenrolou-se ao longo do século XVII, contribuindo para a evolução das bases precárias sobre as quais se assentava o regime de administração particular. Um dos elementos centrais deste processo foi a religião que, em certo sentido, servia de meio para se impor uma distância definitiva entre escravos índios e a sociedade primitiva da qual foram bruscamente separados".
MONTEIRO, John Manuel. "Negros da Terra:" Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo: São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.159.
Considerando o e-mail apresentado, assinale a alternativa correta.
a) A conversão religiosa do índio ao cristianismo era uma estratégia central para a desarticulação de seus laços culturais originais e sua inserção, como escravo, na sociedade colonial.
b) A conversão do índio ao cristianismo não visava ter um efeito qualquer sobre os comportamentos e hábitos culturais indígenas, servindo apenas como justificativa para a escravidão.
c) A camada senhorial de São Paulo não se alterou diante da herança cultural indígena, impondo aos índios, pela força das armas, sua cultura e sua religião.
d) A religião cristã dificultou a inserção do índio como escravo na sociedade colonial, pois os missionários jesuítas opuseram-se veementemente à escravidão indígena.
resposta:[A]
Q3. (UNIFESP) Estima-se que, no fim do período colonial, cerca de 42% da população negra ou mulata era constituída por africanos ou afro-brasileiros livres ou libertos. Sobre esse expressivo contingente, é correto afirmar que
a) era o responsável pela criação de gado e pela indústria do couro destinada à exportação. b) vivia, em sua maior parte, em quilombos, que tanto marcaram a paisagem social da época. c) possuía todos os direitos, inclusive o de participar das Câmaras e das irmandades leigas. d) tinha uma situação ambígua, pois não estava livre de recair, arbitrariamente, na escravidão. e) formava a mão-de-obra livre assalariada nas pequenas propriedades que abasteciam as cidades.
resposta:[D]
Q4. (UFPEL) “Não queremos dar a nossa terra aos brancos porque os brancos já têm muita terra”, diz Davi Kopenawa. "Nós somos os que a protegemos, as pessoas da cidade abatem árvores. O homem branco ama o dinheiro, o avião, o carro. Nós pensamos diferente." Kopenawa está de visita pela Europa para defender a causa do seu povo, os yanomamis. Luta para que no Brasil não haja revoltas como as que aconteceram no Peru. Os yanomamis querem preservar o seu modo de vida: caçam com arco e flecha, pescam com uma liana que atordoa os peixes, cultivam na selva. São nômades: a cada dois ou três anos, quando a terra se esgota, mudam-se [...]
CERDEIRA, Sônia. Reportagem publicada no jornal El Pais, do dia 21/06/2009
Sobre a questão das terras indígenas na América do Sul, considere as seguintes afirmações:
I) Os yanomamis estão preocupados com que não aconteçam no Brasil conflitos violentos como os que aconteceram em 2009, no Peru, entre brancos e indígenas.
II) A situação da ocupação das terras indígenas vem sendo um problema, desde o período colonial até os nossos dias.
III) As recentes decisões de tribunais brasileiros, de determinar demarcações contínuas das áreas indígenas, colaboram com a integridade física e cultural de povos ameríndios.
Está(ão) correta(s)
a) somente a I e a II.
b) somente a II e a III.
c) somente a I e a III.
d) somente a II. e) todas as afirmações.
Q5. (UFMG) "Congregando segmentos variados da população pobre ou dirigindo-se às áreas de mineração, onde se concentravam enormes contingentes de escravos, as vendeiras e negras de tabuleiro seriam constantemente acusadas de responsabilidade direta no desvio de jornais, contrabando de ouro e diamantes, prática de prostituição e ligação com os quilombos." FIGUEIREDO, Luciano. "O avesso da memória": cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro: José Olympio,
c) uma grande diversidade de formas de exploração do trabalho escravo, situação característica de um contexto mais urbano.
d) uma relativa flexibilidade, o que se expressava no livre trânsito dos comerciantes entre as cidades e os quilombos.
resposta:[C]
Q6. (UEMG) Segundo a historiadora Adriana Romeiro, em artigo publicado na revista Nossa História, “a imagem do caos – tão típica dos relatos dessa época – estava também associada à fluidez geográfica dos povoados, que se moviam de um lado para o outro, ao sabor das novas descobertas e do esgotamento das velhas lavras. O jesuíta italiano Antonil. Forjou uma bela expressão para descrever o movimento incessante dos arraiais: ‘Freguesias móveis de um lugar para outro como os filhos de Israel no deserto’.”
Nossa História, outubro de 2006, p. 13-14.
No trecho citado, a historiadora refere-se
a) à característica itinerante que a pecuária adquiriu à época do Brasil colonial.
b) ao temor que os bandeirantes paulistas espalharam pelo sertão, em busca de ouro.
c) ao quadro conturbado que a descoberta do ouro desenhou na região das Minas.
d) à insegurança que a decadência da atividade mineradora trouxe para a população colonial.
resposta: As formas de resistência à escravidão mencionadas no fragmento são fugas, formação de quilombos, suicídio, assassinatos de feitores e senhores, além de práticas de feitiçaria.
b) Tomando os dados como base, EXPLIQUE o funcionamento da sociedade da mineração no mesmo período.
resposta: Os dados mostram uma sociedade diversificada, cujos homens mais ricos não estavam apenas engajados na atividade mineradora, demonstrando, ainda, a possibilidade de ascensão social. Diversificada / Presença de camadas médias / Urbana.
CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes
Segundo Ano - História do Brasil
A nova ordem republicana
Segundo Bimestre - Capítulo 1
A República dos Excluídos
Na proclamação da República, a vitória do projeto dos cafeicultores, aliado a determinados princípios positivistas, trouxe a necessidade de se operar, com o conceito de federalismo. Contudo, o nosso federalismo às avessas, não democrático, que nunca foi além da ideia de descentralização, como afirma José Murilo de Carvalho, tem impactos importantes no Brasil contemporâneo. Durante a República Velha ocorreu a exclusão da maioria absoluta da população brasileira do sistema político-eleitoral que vigorou no período.
Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a primeira Constituição Republicana do Brasil.
A Carta Constitucional de 1891 consagrou o federalismo com a autonomia dos estados, o presidencialismo, os três poderes – o Executivo, Legislativo e Judiciário – e o regime de representatividade. Nesse regime, o voto era direto, universal e descoberto, excluídos menores de 21 anos, analfabetos, soldados, religiosos de ordens monásticas, mendigos e mulheres. Para se ter uma ideia da restrição do direito de voto, em 1894, 3,2% da população brasileira tinha o direito de votar, enquanto, em 1872, ainda no Império, o total de eleitores era de 13%. Basicamente, a partir da Constituição de
As reformas políticas republicanas ampliaram a capacidade de ação dos grupos dominantes, tornando a nova elite política mais representativa e os interesses regionais mais fortes, especialmente os de São Paulo e Minas Gerais. Nos municípios, o coronelismo, fenômeno ligado à formação de poderes locais vinculados a uma ampla clientela política, assentou-se em uma sociedade agrária extremamente desigual, com baixa representatividade política e presença de relações não-capitalistas de produção. Com a implantação da República, fortaleceu-se o poder dos chefes locais. Um bom indicador do poder do coronel era o número de votos de que podia dispor nas épocas de eleições, já que esse número informava as potencialidades de influir na composição das câmaras, do Senado e na escolha do candidato para a presidência da República.
Sem dúvida, a República Velha ou Primeira República, período, não era a República dos sonhos dos brasileiros. Caracterizada por fraudes eleitorais, corrupção, jogo de favores e exclusão do povo da política, tornou-se o pior dos mundo para a maioria absoluta dos brasileiros.
A exclusão política, a incipiente industrialização, as péssimas condições de vida e de trabalho do operariado urbano e, também, do trabalhador rural, levaram a uma série de movimentos de contestação da ordem vigente, fossem eles impulsionados pelas novas culturas políticas que emergiam no país como o anarcossindicalismo e, na década de 1920, o comunismo, fossem iluminados pelo messianismo que grassava no campo.
Pense sobre o que acabou de ler e responda:
1. Quais os resultados, no que diz respeito à representação política, da Constituição de 1891?
2. E das reformas políticas republicanas?
3. Em que se assentava o coronelismo?
4. Quais as características predominante da República Velha ou Primeira República?
5. Por que a República Velha foi palco tanto de vários movimentos urbanos quanto de movimentos rurais?
Confira uma síntese do que irá estudar neste capítulo
A República dos Excluídos
Coleção Pitágoras - Terceiro Ano
Segundo Bimestre
Capítulo 4
A crise da ordem liberal e a Segunda Guerra Mundial
PICASSO, Pablo. Guernica, 1937
"Conta-se que Aberz, embaixador de Hitler em Paris, ficou tão impressionado com a obra, que teria perguntado a Picasso, apresentando desinteresse:
- É obra sua?
- Não. Sua. - Replicou o artista com frieza. [...]"
CARRASCO, Walcir. Picasso. São Paulo: Abril, 1977. p. 20. Coleção Mestres da Pintura.
Confira abaixo um resumo do que você irá estudar neste capítulo
Veja, a seguir, as etapas da crise:
· Em 1929 vivia-se um momento de euforia, de intensa especulação na Bolsa de Valores dos Estados Unidos. Os valores das ações estavam em níveis elevadíssimos, fora da realidade.
· De repente, em 24 de outubro, 70 milhões de títulos foram jogados no mercado - mas não encontraram quem os comprasse. Sem demanda pelos papéis, os preços das ações e dos títulos despencaram, gerando uma onda de desconfiança irracional. O dia passou à história como "Quinta-Feira Negra".
· A desconfiança contaminou outras áreas da economia, inclusive o setor produtivo. Os bancos congelaram os empréstimos, as fábricas começaram a parar, a demanda se retraiu, os lucros despencaram.
· Como uma bola de neve, as falências se sucederam e milhões de trabalhadores perderam o emprego.
· Quando a crise atingiu proporções internacionais, o comércio mundial ficou reduzido a um terço do que era antes de 1929.
· Tentando proteger suas economias, os países aumentaram as taxas alfandegárias, o que reduziu ainda mais o comércio internacional.
· Coube aos Estados instituir mecanismos para controlar a crise e reativar a produção.
Conheça a importância da Crise de 1929
Professor de história explica causas e efeitos da maior de todas as crises do capitalismo. Aspectos podem ser comparados com a crise financeira dos últimos anos.
New Deal
· Nos EUA, o presidente Herbert Hoover preferiu deixar que o próprio mercado se regulasse, o que provocou uma crise social sem precedentes.
· Em 1933, com a eleição de Franklin Delano Roosevelt, criou-se o New Deal, um programa de intervenção estatal na economia.
· Roosevelt interveio em todo o sistema econômico. Criou um audacioso plano de obras públicas, controlou o sistema financeiro, desvalorizou o dólar (para favorecer as exportações) e criou a Previdência Social.
· O plano de Roosevelt fortaleceu e consolidou o sistema capitalista nos EUA. Nos anos de sua aplicação, o grande capital passou por um intenso processo de desenvolvimento e concentração, enquanto pequenas empresas eram eliminadas ou absorvidas.
· O período de
Professor explica a Crise de 29 e o New Deal
O professor de história Rogério Athayde, do Colégio PH, no Rio de Janeiro, fala das causas e consequências da crise de 29. Ele também dá mais informações sobre o New Deal.
Violência e propaganda foram as armas de Adolf Hitler
Após a derrota na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Alemanha foi forçada a assinar o Tratado de Versalhes, em 1919. De acordo com seus termos, o país perdeu grande parte de seu território, além de sofrer fortes restrições no campo militar. Foi proibida de desenvolver uma indústria bélica, de exigir o serviço militar obrigatório e de possuir um exército superior a cem mil homens. Para piorar, deveria pagar aos aliados uma vultosa indenização pelos danos provocados pelo conflito. O Tratado de Versalhes foi considerado humilhante pelos alemães e vigorou sobre um país arrasado e caótico, tanto no aspecto político quanto no econômico. O período de crise estendeu-se de
Uma república desastrosa
Diante da eminente derrota para os aliados, na Primeira Guerra, o imperador alemão, Guilherme 2º, abdicou ao trono no final de 1918. Em 9 de novembro, foi proclamada a República na Alemanha. Estabeleceu-se um governo provisório, liderado pelo Partido Social-Democrata, que assinou a paz com as outras nações e convocou eleições para uma Assembléia Nacional Constituinte. Entretanto, chefiados por Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, os comunistas alemães viam na crise uma oportunidade de tomar o poder, por meio de uma rebelião. Porém, o governo e as forças armadas acabaram sufocando o levante, cujos líderes foram mortos. Nem por isso, o governo republicano deixou de enfrentar uma oposição de esquerda e de direita, na medida em que era incapaz de lidar com a precária economia alemã, que sofria uma terrível escalada hiperinflacionária. A sociedade alemã empobrecia cada vez mais. Isso apenas fazia aumentar a tensão social e política, já muito grande. Em novembro de 1923, o marco alemão estava tão desvalorizado, que um único dólar equivalia a 4 bilhões e 200 milhões de marcos.
Inflação na Alemanha pós-guerra
O Partido Nacional-Socialista foi fundado, em 1920, por Adolf Hitler, um antigo cabo do exército alemão, de origem austríaca. Defendia exagerados ideais nacionalistas, que também se misturavam ao militarismo. Nos primeiros momentos, o grupo era inexpressivo. Reunia inconformados com a derrota alemã e os que não acreditavam no regime republicano. Em 1923, aproveitando-se dos níveis estratrosféricos da hiperinflação, Hitler e seus correligionários decidiram seguir o exemplo dos comunistas, organizando uma revolta armada na cidade de Munique. Tal como o levante socialista de 1918, porém, o golpe nazista fracassou e Hitler foi preso. Permaneceu na cadeia durante oito meses. Nesse tempo, passou suas idéias para o papel, com o auxílio de Rudolf Hess, um companheiro de partido. Assim surgiu o livro "Minha Luta" ("Mein Kampf"), que se transformaria numa espécie de Bíblia da Alemanha nazista.
Ilusões demagógicas de Hitler
Entre 1924 e 1929 as idéias de Hitler não encontraram eco na sociedade alemã. O nacional-socialismo só viria a obter respaldo popular após o advento da grande depressão mundial em 1929. Então, a já combalida economia da Alemanha entrou em colapso, com a falência de milhares de empresas, o que elevou para 6 milhões o número de desempregados. O desespero gerado pela miséria e a incerteza quanto ao futuro, a facilidade humana de acreditar na demagogia e nas soluções autoritárias, a necessidade de resgatar a autoestima nacional depois das humilhações do Tratado de Versalhes foram alguns dos fatores que fizeram da Alemanha um terreno fértil a ser semeado pelos nazistas. O discurso de um líder carismático como Adolf Hitler oferecia segurança e a perspectiva de melhores dias, com promessas e ilusões demagógicas. Além da classe média, dos camponeses e do operariado em desespero, as Forças Armadas também se identificavam com as posições nacionalistas de Hitler. Os grandes capitalistas alemães, por sua vez, acharam conveniente financiar os nazistas, que aparentavam protegê-los da ameaça comunista. Assim, de
Adolf Hitler e o início do 3º Reich
No Parlamento, o próprio Hitler que se mostrou competente no plano das negociações políticas. Desse modo, a 30 de janeiro de 1933, o líder nacional-socialista foi nomeado Chanceler, ou Primeiro-Ministro, o principal cargo executivo da República alemã. Popularmente, já era chamado de "Führer" (condutor). Tinha início o que os nazistas chamavam de III Reich (Terceiro Império), designação que se refere ao Sacro Império Germânico, da Idade Média, e ao Segundo Império, que se estendeu da Unificação dos Estados germânicos, em 1871, à República, em 1918.
Ricardo Carvalho comenta a ascensão do Nazismo
Confira um trecho do programa Vestibular em Foco com Ricardo Carvalho comentando sobre a ascensão de Hitler, o Nazi-Fascismo e a II Guerra Mundial.
O ditador Hitler e seu colega italiano Mussolini
Ideologicamente, Hitler se apropriou de idéias nacionalistas já em voga na Alemanha, radicalizando-as. Defendia a necessidade de unidade nacional, garantida por um Estado governado por um partido único, o Nazista, do qual ele era o líder supremo. Identificado com a própria nação, Hitler passou a ser cultuado como um super-homem pela imensa maioria do povo alemão.
Superioridade racial da raça ariana
O nazismo proclamava também a "superioridade biológica da raça ariana" (a que pertenceria o povo alemão) e, conseqüentemente, a necessidade de dominar as "raças inferiores". Entre estes, colocavam-se os judeus, os eslavos, os ciganos e os negros. Também era necessário extinguir os considerados "doentes incuráveis": homossexuais, epiléticos, esquizofrênicos, retardados, alcoólatras, etc. Com a ascensão de Hitler ao poder, a ideologia nazista passou a influenciar também a ciência do país, que se dedicou a inventar teorias supostamente biológicas para o racismo e o anti-semitismo.
A conquista do "espaço vital"
Com fundamento nesses princípios, o propósito nazista era construir um império ariano, puro e forte, centralizado em torno de Hitler. O passo decisivo para esse projeto se tornar realidade seria a expansão territorial e a integração de todas as comunidades germânicas da Europa num "espaço vital" único. Além da própria Alemanha, isso incluiria a Áustria, a Tchecoslováquia, a Prússia (oeste da Polônia) e a Ucrânia.
Concorrência comunista
Porém, para triunfar, o nazismo precisava combater seu principal concorrente ideológico, o socialismo revolucionário ou comunismo, com o qual teria de disputar a adesão popular. Igualmente totalitário, o comunismo também se arvorava a construir uma sociedade perfeita, não só na Alemanha, mas no mundo. Entretanto, no lugar de uma raça superior, colocava uma classe social - o proletariado - à frente do processo. Por isso, o anticomunismo constituía um ponto central do pensamento de Hitler. Desenvolvendo uma propaganda agressiva e eficiente, administrada por Joseph Goebbels, o Partido Nazista se infiltrou em toda a sociedade alemã e controlou a imprensa, a rádio, o teatro, o cinema, a literatura e as artes. Conseguiu incutir na mentalidade do povo a visão de mundo nazista e a devocão incondicional ao Führer. A educação da infância e juventude, em especial, foi usada como uma ferramenta do Estado, para gravar no cérebro e no coração de crianças e adolescentes o orgulho de pertencer à raça ariana, bem como a obediência e a fidelidade ao "Führer".
Sturmabteilungen (SA) e Schutzstafell (SS)
Mas a vitória do nazismo não se deveu exclusivamente ao trabalho ideológico, Hitler também empregou a força para conquistar a Alemanha. Nesse ponto manifesta-se o caráter essencialmente militarista do nacional-socialismo que, desde o início, contou com a participação de organizações paramilitares próprias.
Heinrich Himmler
Para começar, foram criadas as SA ("Sturmapteilungen"), ou Divisões de Assalto, uma espécie de milícia particular nazista. Composta por desempregados, ex-militares, desajustados de qualquer espécie e até criminosos comuns, espalhavam o terror junto aos inimigos de Hitler, por meio da surra, da tortura e do assassinato. O grupo quase saiu do controle dos líderes e precisou ser transformado numa nova instituição a SS (Schutzstafell), ou Tropas de Proteção, um grupo de elite que contava com homens selecionados e disciplinados. A partir de 1929, sob o comando de Heinrich Himmler, a SS cresceu e chegou a contar com um exército próprio, a Waffen SS (SS Armada), independente do Exército alemão. Além disso, também absorveu a Gestapo, a polícia secreta nazista, em 1939, juntamente com a qual comandaria os campos de concentração e extermínio nos países ocupados.
As vítimas preferenciais do nazismo: os judeus
Nos seis anos anteriores à Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939, os nazistas institucionalizaram a violência, prendendo arbitrariamente e executando seus inimigos políticos: comunistas, sindicalistas e líderes esquerdistas de modo geral. O nacional-socialismo soube manipular os instintos agressivos do ser humano e canalizou o ódio dos alemães particularmente contra os judeus, pois existia uma tradição anti-semita entre os povos nórdicos. Desse modo, os judeus serviram como bode expiatório para todos os males alemães. A partir de 1934, o anti-semitismo tornou-se uma prática do governo, além de nacional. Os judeus foram proibidos de trabalhar em repartições públicas. Suas lojas e fábricas foram expropriadas pelo governo. Além disso, eram obrigados a usar braçadeiras com a estrela de Davi, para poderem ser facilmente discriminados. A radicalização do anti-semitismo oficial forçou mais da metade da população judaico-alemã a deixar o país, à procura de exílio. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, restavam apenas 250 mil judeus na Alemanha, menos de 0,5% da população total. Com a Guerra, tanto estes quanto os judeus dos paíes ocupados por Hitler foram enviados para os campos de extermínio, o que resultou no holocausto - o massacre de 6 milhões de pessoas.
Ricardo Carvalho comenta as guerras do século XX
O professor de História do EducaBahia faz um comentário sobre as principais características das guerras do século XX
Rumo à Segunda Guerra Mundial
Inglaterra, França e Estados Unidos, as três potências democráticas, não se preocuparam em deter a ascensão do nazismo. Acreditavam que uma Alemanha forte funcionaria como um cordão de isolamento, livrando o Ocidente da influência da União Soviética. Esta, por sua vez, assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha, em agosto de 1939, em que se comprometiam a não atacar uma à outra e se manterem neutras caso uma delas fosse atacada por uma terceira potência. Desse modo, a Alemanha logo começou a contar com crédito e recursos internacionais e passou a prosperar. Surgiram empresas industriais poderosas, de minério, petróleo, borracha, etc., da noite para o dia. Foram construídas grandes obras públicas, como estradas e aeroportos, reduzindo rapidamente e logo acabando (ou quase) com desemprego. A recuperação econômica deu cada vez mais popularidade aos nazistas. Ao mesmo tempo, o grosso da população alemã recuperava autoconfiança. Aproveitando-se disso tudo, Hitler gradativamente deixou de respeitar as cláusulas do Tratado de Versalhes. A partir de
O eixo nazi-fascista
Em 1938, Hitler aliou-se ao ditador italiano Benito Mussolini formando o eixo nazi-fascista. Ainda no mesmo ano, passou a controlar a totalidade das finanças alemãs, colocando-se à frente do Banco do Reich. Também anexou a Áustria e os Sudetos, na Tchecoslováquia. Eram regiões de numerosa população germânica, ricas em matérias-primas e complexos industriais. As potências democráticas e a URSS mantinham-se na passiva posição de simples observadores, mas os acontecimentos se precipitavam rapidamente na direção de uma Segunda Guerra Mundial.
A Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, possibilitou o desenvolvimento pleno de tendências sociais latentes no mundo, após a Primeira Guerra Mundial. Envolveu interesses econômicos, mas foi marcada também pela defesa de interesses ideológicos que punham em disputa várias visões sobre a política, o homem e a sociedade. O mundo estava tomado pelas doutrinas do fascismo, na Itália, do nazismo e do anti-semitismo na Alemanha e do comunismo na União Soviética. A guerra refletiu a disputa econômica e política dos grandes países industrializados, mas também um confronto em torno do melhor modelo ideológico capaz de orientar, naquele momento histórico, o desenvolvimento da humanidade. Em campos diferentes se defrontavam três sistemas políto-econômicos: as democracias liberais capitalistas, os nazi-fascistas e os comunistas.
No âmbito das relações exteriores o mundo apresentava um equilíbrio precário, desde o fim da Primeira Guerra, em 1918. Este foi testado ao extremo diante da política expansionista alemã liderada por Hitler, ao mesmo tempo em que se consolidava o regime comunista na União Soviética. Em
Conferência de Munique
Diante dessa ofensiva, os chefes de Estado da Inglaterra, da França, da Itália e da Alemanha reuniram-se na cidade de Munique (Conferência de Munique). O resultado dessa negociação foi o reconhecimento do direito alemão de anexar a região dos Sudetos, cuja população tinha origem germânica em sua maioria. Assim, o nazismo parecia estar com o caminho aberto para seus objetivos expansionistas e nacionalistas. Há historiadores que analisam a Conferência de Munique como uma forma de a França e a Inglaterra "empurrarem" a Alemanha contra a União Soviética, já que a reunião legitimou a invasão alemã de um território que dava passagem à Rússia. Ao perceber a complacência francesa e inglesa, Hitler ganhou mais confiança. Ao mesmo tempo, assinou um pacto de não-agressão com o ditador russo Josef Stálin. Em setembro de 1939, tropas alemãs invadiram a Polônia, dando início à guerra que, até seu final, em 1945, mataria cerca de 40 milhões de pessoas.
As idéias racistas e de superioridade germânica difundidas pelo nazismo desde 1933, quando Hitler subiu ao poder, foram o fermento ideológico que uniu fortemente o povo alemão em torno dessa verdadeira cruzada, empreendida em nome da construção de um império ariano.
Ações de extermínio
A Polônia foi o exemplo mais trágico dos objetivos e das disposições da política nazista. Cerca de 5,8 milhões de poloneses foram exterminados pelos alemães, e destes apenas 123 mil eram militares. Ou seja, o alvo dos alemães eram principalmente os civis judeus, que formavam parte significativa da população polonesa. Assim, desde a invasão da Polônia de 1939, ficou claro que, para a Alemanha, essa seria uma guerra de extermínio dos povos que o nazismo considerava inferiores ou indesejáveis: além dos judeus, os eslavos e ciganos, sem falar em homossexuais e nos deficientes físicos e mentais.
Para eles, foram criados campos de concentração, como Treblinka, Auschwitz, Birkenau e Sobibor, onde os "indesejáveis" eram exterminados em ritmo industrial. Havia, inclusive, a preocupação das autoridades alemãs em criar métodos mais eficientes e baratos de matar um maior número de pessoas no menor tempo possível. Vale lembrar também que o dinheiro e os bens dessas pessoas - em especial dos judeus - eram expropriados pelos nazistas, que tentaram lucrar inclusive com os cadáveres, fabricando sabão com gordura humana e botões com ossos.
A guerra na Europa
Depois da rápida vitória sobre a Polônia, as tropas alemãs não pararam mais. Atacaram primeiramente a França, que também sucumbiu em poucos dias, e depois a Inglaterra, que resistiu heroicamente e enfrentaria os alemães e seus aliados, italianos e japoneses, até o fim da guerra, na Europa, no norte da África e no Oriente. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill foi o primeiro estadista ocidental a perceber a ameaça nazista e a ela se opor tenazmente, malgrado, Hitler, a princípio, manifestasse interesse num armistício com os ingleses.
Em meados de 1941, rompendo o acordo com Stálin, Hitler decidiu atacar a União Soviética. Contrariando as estratégias de seus generais, que queriam primeiro tomar Moscou, fez questão de invadir Leningrado, símbolo da Revolução Russa de 1917. No entanto, Leningrado resistiu bravamente, embora a cidade tenha ficado sem luz e sem suprimentos, sob um cerco que durou 900 dias.
Os russos, porém, não se rendiam e contaram com a aliança com seu inverno austero, ao qual os alemães não estavam acostumados. Ainda assim, as tropas nazistas chegaram a
A partir daí, a guerra se estendeu pelo mundo inteiro. Assistiu-se também a um velocíssimo desenvolvimento bélico norte-americano, o que colocaria o país na posição de maior potência militar ao longo do século 20.
Na Europa, a guerra envolvia a população civil, além da militar, e provocou uma grande devastação humana operada pelo avanço nazi-fascista. Já nos oceanos Pacífico e Índico, as batalhas se travavam entre navios e aviões ou em territórios cuja população local - muitas vezes indígena - não se envolvia no conflito. Mesmo assim, o número de mortos e feridos foi grande entre os militares, em especial do Japão e dos Estados Unidos, os principais protagonistas das batalhas nessa região.
Batalha de Stalingrado
O cerco alemão à União Soviética teve que retroceder no fim de 1941, mas Hitler retomou seus planos em setembro de 1942, dando início à batalha de Stalingrado, que se estendeu até fevereiro de 1943, com a vitória dos soviéticos. Esta batalha deu início à contra-ofensiva soviética que mudaria os rumos da guerra. A partir de então, os russos pressionariam os alemães de volta para seu país, enquanto, na Europa ocidental, americanos e ingleses reconquistavam posições na Itália e na França. Em 6 junho de 1944 (o chamado Dia D), sob o comando geral do general americano Dwight Eisenhower, ocorreu o desembarque das tropas aliadas na Normandia (França), a partir do que os alemães se viram pressionados nos dois lados da Europa. Ao mesmo tempo, as populações dos países invadidos pelos nazistas organizavam movimentos de resistência à ocupação, sabotando os alemães e cooperando com os aliados.
Derrota do Eixo
O chamado Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão, foi derrotado em 1945, depois de seis anos de conflito. Isso aconteceu em duas etapas. Na Alemanha, ocupada pelos aliados, Hitler suicidou-se e seus generais se renderam incondicionalmente em 8 de maio. O Japão resistiu mais alguns meses, até que as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas pelas bombas atômicas norte-americanas, em agosto. Foi a primeira vez que se usou armas nucleares num conflito e seu poder de devastação obrigou os japoneses à rendição.
Julgamento dos nazistas em Nuremberg
Em novembro de 1945, os líderes nazistas capturados foram julgados no tribunal internacional de Nuremberg, em razão dos crimes cometidos contra a humanidade. Calcula-se que cerca de 6 milhões de judeus tenham sido mortos nos campos de extermínio e nos guetos. A guerra deixou, ainda, um saldo de 18 milhões de russos mortos, 5,8 milhões de poloneses e 4,2 milhões de alemães, sem falar nos outros povos diretamente envolvidos, cujas mortes também se contam aos milhares.
Muitos criminosos nazistas, porém, não se deixaram julgar, Hermann Göering, um dos principais comandantes nazistas, sucidou-se na prisão antes de ir ao tribunal. Kurt Franz, o comandante do campo de Treblinka, responsável direto pela morte de 600 mil judeus, foi condenado à prisão perpétua, mas foi indultado antes da morte, em 1993. Gustav Franz Wagner, comandante de Sobibor, culpado da morte de 250 mil pessoas, fugiu e escondeu-se em Atibaia (SP), onde viveu tranquilamente até ser descoberto e suicidar-se, em 1980.
Herança do conflito
Novas relações mundiais se configuraram após a guerra, já que seus principais vencedores - os Estados Unidos e a União Soviética - eram adversários ideológicos e possuíam uma capacidade bélica equivalente, o que os impedia de partir para um conflito aberto. Teve início a chamada Guerra Fria: o mundo foi dividido em dois blocos, o comunista e o capitalista, ambos com suas promessas de desenvolvimento, paz e prosperidade para seus cidadãos, assim como suas fragilidades, crises e fracassos sociais e econômicos.